Há pessoas que conhecemos e no dia seguinte nem lembramos mais quem são. Outras com quem partilhamos vários anos da nossa vida. E ainda outras que mesmo tendo permanecido nela, já não se encontram mais. Apenas estão presentes nas nossas memórias, e consciente ou inconscientemente, quer queiramos ou não, vão permanecendo no nosso coração. E, mesmo que neguemos, é porque nós as deixamos permanecer lá.
Tu és uma delas. Tu és aquele que deixei permanecer desde sempre, arranjaste um cantinho só teu e instalaste-te de malas e bagagens para nunca mais de lá saíres. Mesmo quando tudo desmoronou, continuaste lá. Principalmente quando tudo desmoronou...
Porque eu fui-te deixando ficar. Fui alimentando a esperança de que algum dia voltarias, ainda que lá no fundo tivesse a certeza de que isso nunca iria acontecer. Mas continuei a deixar-te permanecer nesse tal cantinho, que afinal de contas não era apenas um cantinho, mas sim uma grande sala que impedia a entrada de outros quaisquer convidados.
Os meses foram passando e a esperança esmorecendo, mas nunca abandonaste. Ou melhor, eu nunca te abandonei. Nunca abandonei a imagem perfeita que tinha de ti, da pessoa que talvez nunca foste. Do homem que eu sempre achei ser o melhor para mim. Talvez esse homem fosse apenas quem faria de mim pior. Talvez estivesse cega. Mas é normal quando se está apaixonada por alguém, não é? Da maneira como estava apaixonada por ti? Como me apaixonei logo desde o primeiro dia em que te conheci? A tua presença era irrefutavelmente notória onde quer que fosses, eras o sonho de qualquer mulher. E eu nunca pensei em ser essa mulher, nunca pensei em ter sequer a sorte de reparares em mim. Mas tive. Não sei como, onde ou porquê, não faço ideia de que maneira te tornaste tão indispensável na minha vida; de que maneira te foste tornando no meu melhor amigo, a pessoa em quem mais confiava, talvez mais ainda do que em mim própria. Contigo aprendi muito, mas não daqueles "muitos" que se costumam dizer apenas da boca para fora. É um "muito" real, e verdadeiro. Um "muito" que não queria ter aprendido com qualquer outra pessoa senão contigo, sem qualquer tipo de arrependimento ou rancor, porque não sei se alguma vez encontrarei alguém de quem seja tão próxima como nós éramos. Ou pelo menos, como eu era de ti. Ainda me lembro, sabes? Lembro-me tão bem das lágrimas que foram derramadas sobre a almofada, à noite, no silêncio. Todas as noites. Todas as noites era assim, de cada vez que sabia que o amanhã era apenas mais um dia sem ti, sem te ver. Mas também me lembro bem de toda aquela alegria que sentia quando tinha finalmente a oportunidade de estar contigo. Podia estar horas abraçada a ti, sem dizer uma palavra, apenas sentindo que estavas comigo, não só em espírito como estavas sempre, mas de corpo também. De corpo e alma. E isso era suficiente para conseguir enfrentar todos os outros dias enfadonhos, para secar todas as lágrimas que existiam nos meus olhos.
- Hannah', acorda! Acorda, tonta! Não percebes que isso já não existe mais? Estás novamente a sonhar, apenas.
Eu sei. Mas queria permanecer nesse sonho. Mas não. A esperança começa a ser cada vez menor, a negação passa a luto e o barco em que sigo começa a afundar-se. Vi um céu negro, muito negro. Mas é preciso renascer das cinzas, não é? Nem que seja para voltar a enfiar-me noutro barco igual e deixar-me levar novamente pela maré, no meio da tempestade.
Mas, não! Basta! Para quê? Tu. Nunca. Mais. Vais. Voltar! Nunca! Para quê insistir, então? Para quê continuar em sofrimento constante? Para quê continuar com o coração fechado a sete chaves dando-te todas elas? Eu preciso de mudar a fechadura! Preciso. Quero. Posso.
Eu tenho que fazê-lo. Preciso de dizer "Chega!", o meu coração precisa, e o meu espírito também. Fui-te deixando ficar há tempo de mais, não achas que seis anos é demais? Tenho que me libertar de ti, sabes como isso é difícil para mim, mas começo a ter apenas duas escolhas restantes: Tu ou Eu.
Eu sei. Mas queria permanecer nesse sonho. Mas não. A esperança começa a ser cada vez menor, a negação passa a luto e o barco em que sigo começa a afundar-se. Vi um céu negro, muito negro. Mas é preciso renascer das cinzas, não é? Nem que seja para voltar a enfiar-me noutro barco igual e deixar-me levar novamente pela maré, no meio da tempestade.
Mas, não! Basta! Para quê? Tu. Nunca. Mais. Vais. Voltar! Nunca! Para quê insistir, então? Para quê continuar em sofrimento constante? Para quê continuar com o coração fechado a sete chaves dando-te todas elas? Eu preciso de mudar a fechadura! Preciso. Quero. Posso.
Eu tenho que fazê-lo. Preciso de dizer "Chega!", o meu coração precisa, e o meu espírito também. Fui-te deixando ficar há tempo de mais, não achas que seis anos é demais? Tenho que me libertar de ti, sabes como isso é difícil para mim, mas começo a ter apenas duas escolhas restantes: Tu ou Eu.
E hoje eu escolho-me a mim. A partir de hoje a minha escolha sou EU! Talvez tenha sido um sinal, sabes? Eu espero bem que sim. A partir de hoje não irão restar mais fotografias, mais textos, mais imagens nem mais lágrimas que me façam lembrar de ti, ou do que já fomos. A partir de hoje estás despejado daquele que foi o teu lar durante todo este tempo. Está na altura de dar lugar e oportunidade a novos inquilinos, com histórias com finais mais felizes, assim o espero.
O primeiro dia deste novo ano, 2012. O dia que ficará marcado não só como o início de um novo ano, mas sim com o início da minha nova história à qual tu já não pertences. Sem ressentimentos, digo-te Adeus e fecho o livro.
Página 1 - Capítulo I
(...)
(...)
There For Tomorrow - Pages
Está fantástico, este texto, minha querida. Despite all the suffering...
ResponderEliminar- achas? obrigada minha querida *-*
ResponderEliminaryap, but that's nothing but a final chapter of a book i don't wanna read anymore (: